As curas do Tabaco

Cada um dos processos de cura do tabaco é complexo, envolve segredos e cuidado, mas em síntese, se resume aos quatro tipos abaixo descritos (e um quase quinto, por minha conta):

1) Sun-cured (cura ao Sol): As folhas do tabaco são penduradas em uma área aberta, em contato direto com o sol. Por razões óbvias, esse tipo de cura é comum em regiões de clima árido e pouca incidência de chuva. Boa parte dos tabacos orientais, produzidos em países como Síria, Chipre, etc, são curados desta forma. Recentemente o Brasil passou a produzir tabaco neste método, na cidade de Garanhuns/PE, mas apenas para exportação já que a produção é custeada por uma grande companhia.

2) Air-cured (cura ao ar livre): O tabaco é posto em galpões abertos, sem paredes, somente com a proteção do teto. O ar circula livremente, e o tabaco seca à sombra. Por aqui é conhecido como "fumo de galpão". Processo utilizado principalmente com o tabaco Burley, cuja folha adquire uma tonalidade marrom escura.

3) Flue-cured (cura em estufa): Nesse processo o tabaco é pendurado dentro de uma estufa fechada e então exposto ao calor, com temperatura controlada. O calor vem de um forno na parte externa, que se espalha no interior da estufa por canos de ferro. É muito utilizado no sul do Brasil, pelos produtores de variedades do Virgínia. Esse processo favorece a concentração dos açucares na folha, por isso a coloração tem um agradável tom que vai do amarelo ao alaranjado.

4) Fire-cured (cura ao fogo): As folhas são expostas ao fogo e à fumaça, adquirindo ao longo do processo o agradável sabor e aroma da defumação proveniente da queima da madeira e eventualmente ervas. É muito utilizado nos Estados Unidos, onde se usa essa cura em galpões fechados, com um fogo fraco ao centro. A princípio, a cura do Latakia entra na mesma categoria, mas ainda faltam informações para afirmar exatamente como acontece. Por mais que procure, nunca encontrei uma imagem exemplificativa da cura do Latakia. Se alguem tiver fotos ou ilustrações, por favor me envie.

Paralelamente, cabe uma referência à cura do Perique, pois ela não se enquadra em nenhuma das categorias acima. Apesar do tabaco sofrer um processo onde seca um pouco ao ar livre, é somente o suficiente para murchar a folha e favorecer a manipulação e extração dos talos. A partir daí, a cura, efetivamente falando, ocorre dentro do barril, com o tabaco firmemente prensado, por no mínimo 9 meses.

Nesse tempo ele fermenta e envelhece, adquirindo o característico sabor apimentado. Mas isso é só para atiçar um pouco a curiosidade, esse tabaco merece um artigo a parte.