sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Avaliações: Sutliff Private Stock Nº 2




Esta é minha primeira avaliação escrita de um tabaco. Pretendo, sempre que possível, e tendo novos tabacos a disposição (Deus proteja os cachimbeiros brasileiros da escassez!) publicar uma avaliação suscinta dos mesmos.


Antes de mais nada, uma pequena história deste tabaco, extraída da própria embalagem:


"No ano de 1849, em São Francisco, meu avô, Henry Sutliff, abriu sua primeira loja de tabacos. A habilidade de meu avô para selecionar e misturar tabacos variados trazidos por grandes navios era lendária entre seu discernido público. Entretanto, para sí próprio e poucos amigos próximos, meu avô reservava uma seleção de tabacos cuja raridade e preço impossibilitava qualquer distribuição ao grande público. Assim surgiu sobre este "estoque privado" uma lenda de inveja, do inigualável prazer de fumar. Uma lenda que você está prestes a aproveitar. 
Gordon F. Sutliff"

É uma bela história não?

Não sei o quanto uma descrição dessas pode ser próxima da verdade, mas acredito que um fumo para cachimbo feito nos dias de hoje dificilmente chegaria aos pés de um fumo feito por um "tobacconist" de um século atrás. Bom, talvez existam exceções.

De qualquer modo, este tabaco foi um verdadeiro achado, pois encontrei apenas um pouch empoeirado e largado numa tabacaria da cidade. Por pouco sairia dali sem sequer ter visto.

Não sei dizer o tempo que estava parado, mas acredito que passa fácil dos cinco anos. Como eu tinha muitos pacotes abertos, principalmente de nacionais, ele ficou mais uns bons meses esperando para se revelar, e a surpresa não poderia ter sido melhor.

Conforme a embalagem, trata-se de uma mistura dos tabacos Burley e Virgínias claros (Burley and Brights), maturados no processo cavendish.
O tabaco apresenta uma cor marrom escuro e uniforme. O corte é fino, e de comprimento irregular.


O cheiro do tabaco no pacote é discreto, talvez por ter perdido a umidade, o que não faz jus ao extraordinário sabor dele aceso.

E eis que, ao acender ele se revela um tabaco bastante complexo, com aromas distintos, marcantes e muito agradáveis. Sua queima é razoavelmente lenta, apesar de ressecado. Pelo mesmo motivo, não tem qualquer problema de acúmulo de umidade. Se mantem bem até 3/4 da fumada, variando de sabores, sendo que na parte final, inevitavelmente se perde o restante, como é natural com qualquer tabaco, devido a degeneração provocada pelo calor e mistura de resíduos.

É sempre difícil expressar toda a complexidade de um bom tabaco com palavras, mas até onde é possível descrever, me trouxe sensações como, desde o cheiro de algo antigo e agradável, cogumelos secos, até aromas denotando fermentação. Fora aquele bendito aroma que você procura, procura, e não consegue achar uma definição!

Mas a conclusão, é que se trata de um tabaco para se tentar desvendar aos poucos, tentando identificar os aromas envolvidos, e para os que não se pode encontrar descrição, deixar na mente como referência à ele próprio.

Foi bom enquanto durou, felizmente eu ainda tenho uma loooonga jornada nessa estrada.

Nota: Conforme consta na embalagem, esta série Private Stock possuía ainda outros dois tabacos:
Bourboun and Brights Nº 1
Blacks and Brights Nº 3

Nenhum comentário: